Com todas as acusações de assédio – moral e sexual – levantadas contra a Activision nos últimos anos, era de se esperar que a empresa pensasse em ficar mais encolhida, deixar a poeira baixar e se concentrar na sua aquisição pela Microsoft, mas tudo indica que ocorreu exatamente o contrário.

Segundo informações do Axios, a Activision teve uma alta nas reclamações de má conduta no ambiente corporativo, com mais de 29 novas acusações aparecendo e se somando às anteriores, que já vinham sendo investigadas por autoridades de vários estados dos EUA.

Foto mostra Bobby Kotick, CEO da Activision

Bobby Kotick, CEO da Activision, foi parcialmente implicado em um processo de assédio sexual movido contra a empresa (Imagem: CNN/Reprodução)

O problema é que, ao contrário do que se possa pensar, isso não vem de nenhuma fonte anônima, mas sim do relatório de transparência divulgado pela própria Activision, que diz que “a empresa recebeu 114 relatos de assédio, discriminação ou retaliação no ano passado” e que, destes, “investigações determinaram que 29 eram relevantes ou envolviam múltiplos funcionários”.

Como resultado, a Activision alega ter tomado mais de 36 ações corretivas para sanar os problemas, incluindo a demissão por justa causa de funcionários culpados de ações de linguagem discriminatória, agressão verbal e/ou física, erro proposital de identificação de gênero contra funcionários trans, avanços sexuais não consentidos, retaliações e dois casos de toques não consentidos.

“Mesmo um único caso de assédio, discriminação ou retaliação já é um caso demais. Nós temos procedimentos robustos implementados para resolver preocupações do ambiente de trabalho de maneira neutra e justa, e tomar as ações de correção apropriadas. O comitê de direção chamou o aumento de denúncias de má conduta em 2022 de ‘um sinal de uma cultura saudável de denúncia e treinamentos eficazes’.” – Activision

 A Activision não é estranha às denúncias de assédio: entre 2021 e 2022, a empresa que publica franquias de jogos famosos como Call of Duty e Overwatch foi repetidamente acusada de ser permissiva com o que chamaram de “cultura de república de homens”, com situações bastante impactantes, que iam desde passadas de mão em funcionárias mulheres até relatos de pessoas que foram drogadas em eventos.

Fora isso, os casos relatados, diziam as acusações, eram abafados pela gerência e pelo time de Recursos Humanos, que supostamente sinalizavam os levantes de funcionários a seus diretores e, em alguns casos, teoricamente essas pessoas passavam por retaliações. A situação foi tanta que, em março do ano passado, a Activision foi condenada a pagar US$ 18 milhões em danos – o CEO da companhia, Bobby Kotick, chegou a ser afastado da liderança, mas foi contemplado com um bônus de mais de US$ 350 milhões durante as investigações, o que pegou bem mal.

Kotick eventualmente retornou e, hoje, auxilia a Microsoft na tentativa da fabricante do Xbox de comprar a Activision.

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