Nem Facebook, nem WhatsApp. O grande canal global da internet de desinformação e fake news, na verdade, foi atribuído ao YouTube, do Google. Isso é, segundo uma coalizão global de organizações de verificação de fatos, que não vê esforços suficientes da plataforma de vídeos para combater notícias falsas em seu ambiente.

Uma carta assinada por mais de 80 grupos — incluindo Full Fact do Reino Unido e Fact Checker do The Washington Post (EUA) — alerta para conteúdos de grupos como “Doctors for the Truth” no YouTube. Essa turma é conhecida por espalhar informações falsas sobre a Covid-19 e apoiar narrativas de uma suposta fraude nas eleições americanas de 2020.

“O YouTube está permitindo que sua plataforma seja armada por atores sem escrúpulos para manipular e explorar outros, e para se organizar e arrecadar fundos. As medidas atuais estão se mostrando insuficientes”, afirma o documento que também descreve a rede social como o “principal canal” para fake news.

Os signatários também apontam publicações de desinformação e informações falsas principalmente nas regiões da América Latina, Ásia e África. Como exemplo, foram apontados conteúdos falsos sobre o reinado do ex-presidente filipino Ferdinand Marcos e o aumento do discurso de ódio contra grupos vulneráveis no Brasil.

Sugestões

O documento incluiu ainda quatro sugestões de medidas para alterar o panorama apontado pela coalizão. As ações incluem:

  • compromisso para financiar pesquisas independentes sobre campanhas de desinformação na plataforma;
  • fornecer links para refutações dentro de vídeos que distribuam desinformação e informações falsas;
  • impedir que seus algoritmos promovam infratores reincidentes;
  • mais esforços para combater falsidades em vídeos em outros idiomas (diferentes do inglês).

“Esperamos que vocês considerem implementar essas ideias para o bem público e tornar o YouTube uma plataforma que realmente faz o melhor para evitar que a desinformação e informações falsas sejam armadas contra seus usuários e sociedade em geral”, completa a carta.

O que diz o YouTube

Em resposta à carta enviada, Elena Hernandez, porta-voz do YouTube, disse que a empresa investiu pesadamente em políticas para reduzir a disseminação de desinformação “limite”, um termo para conteúdos que se aproximam — mas não cruzam a linha — de violação de diretrizes da plataforma.

“Ao longo dos anos, investimos fortemente em políticas e produtos em todos os países em que operamos para conectar pessoas a conteúdos de autoridade, reduzir a disseminação de desinformação ‘limite’ e remover vídeos violadores”, afirmou a executiva. “Vimos um progresso importante, mantendo o consumo de informações incorretas recomendadas significativamente abaixo de 1% de todas as visualizações no YouTube e apenas cerca de 0,21% de todas as visualizações são de conteúdo violador que removemos posteriormente. Estamos sempre procurando maneiras significativas de melhorar e continuaremos a fortalecer nosso trabalho com a comunidade de verificação de fatos”, concluiu.

Vale lembrar que as diretrizes da comunidade da plataforma já determinam que “certos tipos de conteúdo enganoso com sério risco de danos graves” sejam banidos da plataforma. Medidas para frear a disseminação no YouTube também foram intensificadas em outubro de 2020, após a Meta adotar ações semelhantes.

Resta saber se a plataforma de vídeos do Google vai anunciar novas medidas após a carta enviada — ainda mais com as eleições brasileiras se aproximando e a piora do cenário sanitário global.

Via: The Guardian

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