Tão logo, nos EUA, o táxi aéreo com veículo elétrico de voo autônomo – ou seja, sem a necessidade de um piloto – pode se tornar uma realidade: a startup Wisk Aero, fundada por uma joint venture entre a Boeing e a (recém desligada) Kitty Hawk, anunciou a criação de um veículo elétrico de decolagem e pouso vertical (ou simplesmente “eVTOL”) que carrega até quatro pessoas – todas passageiras.

Segundo as informações divulgadas pela empresa (via The Verge), o objetivo agora é passar pelos processos estipulados pela Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) para a obtenção das licenças necessárias para a criação de um serviço de transporte aéreo remunerado. Em termos práticos: táxi.

Novo eVTOL lançado pela Wisk Aero e que pode ser veículo de táxi aéreo nos EUA

Imagem: Wisk Aero/Divulgação

Pelas normas da FAA, são necessárias três certificações distintas: uma para manufatura e fabricação de veículos com capacidade de decolagem vertical, uma para licença de serviços aéreos comerciais e, finalmente, uma para procedimentos gerais de segurança e meio ambiente.

O eVTOL da Wisk Aero conta com seis hélices frontais (ou “rotores”) com pás que podem trabalhar verticalmente ou anguladas, além de outras seis hélices traseiras fixas em posição vertical. Essa configuração permite que o veículo decole de cima para baixo e, uma vez no ar ou no chão, quando precisar ser taxeado, ele possa manobrar em outras direções.

Segundo a empresa, o veículo pode voar a velocidades de aproximadamente 120 nós – pouco acima de 222 quilômetros por hora (km/h) a uma altitude de pouco mais de 1,2 mil metros (m) do chão e uma distância máxima de 140 km dentro das reservas de energia da bateria.

A ideia é oferecer o serviço por meio de um aplicativo de smartphone, não muito diferente do que já se faz com Uber ou 99. A ausência de um piloto seria completa – ou seja, nada de uma figura humana dentro da aeronave para assumir o processo manualmente. A Wisk Aero diz que um piloto treinado e licenciado estaria monitorando a viagem remotamente, mas não detalhou como ele poderia tomar o controle caso o piloto automático falhasse.

As expectativas da companhia não são nada senão ousadas: ela espera que o serviço esteja disponível em caráter comercial em até cinco anos, quando ela estima conduzir até 14 milhões de voos anualmente em cerca de 20 mercados do mundo – não se sabe se o Brasil estaria nesta lista, mas a julgar pela capacidade do eVTOL de decolar e pousar em topos de edifícios, esta certamente é uma possibilidade.

Além da Wisk Aero: transporte privado pelos ares tem potencial bilionário

Atualmente, não existe, em nenhum lugar do mundo, um serviço comercial de táxi aéreo veiculado por aeronaves elétricas. Simplesmente, ainda existem muitas limitações técnicas – a maior delas sendo o gasto de energia para tirar um veículo pesado desses do chão. Hoje, nenhuma bateria elétrica comercialmente disponível tem essa capacidade.

Para se ter uma ideia proporcional: combustíveis de jatos têm cerca de 40 vezes o potencial energético de uma bateria elétrica veicular. E mesmo esses jatos não contam com atividades corriqueiras como, digamos, táxi aéreo.

Ainda assim, analistas antecipam um influxo considerável de empresas sendo criadas – ou divisões novas aparecendo em empresas já consagradas – para esta finalidade: segundo levantamento de 2019 feito pela McKinsey, este pode ser um setor bilionário já na década de 2030.

Entretanto, além do consumo energético, os custos de produção terão que baixar: um eVTOL pode custar mais de US$ 1 milhão (R$ 5,17 milhões) apenas para sair da fábrica, fora as despesas de aquisição, recarga, estrutura de armazenamento – tudo isso vem antes da execução de um serviço de táxi aéreo.

Por isso, é natural ver alguns nomes já conhecidos aos pouco entrando neste campo: além da Wisk Aero, que conta com auxílio da Boeing (e a Kitty Hawk foi fundada por Larry Page, um dos fundadores do Google), marcas como Toyota, Hyundai e até a Uber estão ou investindo nisso por conta própria, ou financiando projetos de startups no setor.

via The Verge | McKinsey

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