Se engana quem pensa que o Vaticano ficaria neutro sobre a promissora (e temida) “tecnologia do momento”. Em parceria com a Universidade de Santa Clara – e preocupada com as hipóteses de apocalipse trazidas pelos avanços da inteligência artificial – a Santa Sé lançou um manual de ética da IA dirigido pelo próprio Papa Francisco.

Intitulado “Ethics in the Age of Disruptive Technologies: An Operational Roadmap” (Ética na Era das Tecnologias Disruptivas: Um Roteiro Operacional, em tradução literal), o documento tem como objetivo guiar a indústria de tecnologia em questões de ética em inteligência artificial, aprendizado de máquina, criptografia, privacidade e muito mais.

Ainda que a Igreja possa não ser a melhor opção para avaliar os avanços de uma tecnologia, segundo o padre Brendan McGuire, da paróquia de St. Simon, em Los Altos (Califórnia, EUA), o Vaticano possui uma capacidade única de reunir pessoas e instituições bastante relevantes à discussão.

Vaticano

Imagem: Fabrizio Maffei / Shutterstock.com

“Executivos de tecnologia de todo o Vale do Silício vêm me procurando há anos e dizendo: ‘Você precisa nos ajudar, há muitas coisas no horizonte e não estamos prontos.’ A ideia era usar o poder de convocação do Vaticano para reunir executivos de todo o mundo”, explica o padre Brendan.

Em paralelo à discussão de um regulamentação necessária à tecnologia, o manual do Vaticano tem uma abordagem diferente; a proposta é orientar os profissionais de tecnologia que já estão lidando com as questões mais difíceis e delicadas da IA.

“Há um consenso surgindo em torno de coisas como responsabilidade e transparência, com princípios que se alinham de empresa para empresa”, disse Ann Skeet, diretora de ética do Markkula Center e uma das autoras do manual. “Isso é ótimo, mas há menos consenso sobre o que realmente fazer e como aplicar esses padrões ao design e emprego da tecnologia.”

inteligência artificial

Imagem: Shutterstock

O que diz o manual de ética de IA do Vaticano

O manual de ética do Vaticano sobre IA defende a construção de valores em torno de um conjunto de princípios na tecnologia e nas empresas que a desenvolvem desde o início. O documento também explicita um princípio âncora para as empresas envolvidas com inteligência artificial: garantir que todas as “ações sejam para o bem comum da humanidade e do meio ambiente”.

Este princípio âncora traz ainda sete diretrizes, como “respeito pela dignidade e direitos humanos” e “promoção da transparência”. Todas elas são divididas em ações específicas, descritas com definições, etapas e exemplos de como segui-las.

O princípio “respeito pela dignidade e direitos humanos”, por exemplo, inclui um foco em “privacidade e confidencialidade”. Para isso, o livro pede o compromisso de “não coletar mais dados do que o necessário” e diz também que “os dados coletados devem ser armazenados de maneira a otimizar a proteção da privacidade”.

Medo da IA?

Em meio a tantas dúvidas e até certo “medo” sobre o futuro da inteligência artificial e da tecnologia, o Vaticano tem muita experiência em responder perguntas sobre como devemos considerar o apocalipse.

Fonte: Gizmodo

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