Quando pensamos em guerra, é fácil vir à cabeça cenas de soldados armados, bombas para todos os lados, tanques e tropas. Afinal, este cenário é o que vivenciamos nos confrontos mundiais anteriores ou vimos até mesmo em filmes. A grande questão é que os avanços tecnológicos estão mudando o rumo da história e a guerra anunciada pela Rússia pode ser bem diferente de tudo o que vimos até aqui.

A possível terceira guerra mundial não terá apenas pessoas em ataques e nem limites entre as fronteiras, isso porque a Inteligência Artificial poderá acionar mísseis, controlar drones e sistemas autônomos. Além disso, os hackers também são parte integral de ofensivas que visam desestabilizar a infraestrutura da Ucrânia e gerar choques de efeito psicológico na população.

Uma pena ver tantos esforços na área da tecnologia sendo empregado para, em vez de libertar, aprisionar tantas pessoas, além de ser uma arma perigosíssima nas mãos de quem não sabe utilizar todo seu potencial.

Já estamos observando uma série de tristes ataques cibernéticos na Ucrânia. O que muitos não sabem é que tudo isso pode perder o controle e se tornar global. Para ter uma ideia, em janeiro, a Agência de Segurança Cibernética e de Infraestrutura dos EUA (CISA, pela sigla em inglês) alertou seus operadores de infraestrutura crítica para tomar “medidas urgentes e de curto prazo” contra ameaças cibernéticas, destacando ataques recentes contra a Ucrânia como uma razão para estar atento a possíveis ameaças aos ativos dos EUA.

A tecnologia pode ser o novo “soldado” na Guerra entre Rússia e Ucrânia

Imagem: reprodução/Boston Dynamics

A agência também apontou para dois ataques cibernéticos de 2017, o NotPetya, um ataque russo com foco na Ucrânia, e o WannaCry, que saíram do controle de seus alvos iniciais, se espalharam rapidamente pela Internet e impactaram o mundo inteiro a um custo de bilhões de dólares.

De acordo com o Mit Technologhy Review, o NotPetya desativou portos marítimos e deixou várias corporações multinacionais gigantes e agências governamentais incapazes de funcionar. Quase todos que faziam negócios com a Ucrânia foram afetados porque os russos envenenaram secretamente o software usado por todos que pagam impostos ou fazem negócios no país.

Ataques como esses podem não matar e não machucar diretamente, mas continuam gerando impactos enormes em toda a sociedade. Além disso, traz uma insegurança tão grande como em um conflito armado.

Por isso, o futuro é incerto e devemos nos preocupar, já que envolve ferramentas tecnológicas que podem atacar o mundo inteiro dependendo da maneira que for utilizada. Sinceramente, este é o principal receio de várias nações.

No entanto, com tanta evolução na área e com tecnologias disruptivas, não temos para onde correr, já sabíamos que, mais cedo ou mais tarde, teríamos uma guerra que colocaria tudo isso em jogo.

De acordo com a CNN, as forças russas carregam principalmente armas convencionais, tanques, veículos blindados e tropas. Mas eles têm capacidade de realizar uma guerra eletrônica e uma cibernética ofensiva em questão de segundos.

Afinal, a Rússia e a China foram descritos pelo relatório do governo britânico Integrated Review como, respectivamente, uma “ameaça aguda” e o “rival estratégico” a longo prazo do Ocidente. Sendo assim, não podemos duvidar do poder que esses países têm de usar a tecnologia totalmente para o lado mal.

No final do ano passado, a Rússia realizou um teste com míssil no espaço, destruindo um de seus próprios satélites. E a China conduziu testes com seus avançados mísseis hipersônicos, capazes de viajar a uma velocidade muitas vezes superior à do som.

Isso parece deslumbrar as grandes potências, mas preciso alertar que o uso mal intencionado da IA pode gerar uma ameaça iminente para todo o planeta, causando um estrago sem precedentes.

O futuro é extremamente preocupante, já que muitos países entrarão em uma corrida por tecnologias potentes que possam frear o oponente. É nesse ponto que mora o perigo, já que quem vencer pode querer controlar tudo o que conquistamos até agora.

Espero que não cheguemos a esse ponto e que realmente possamos olhar para a tecnologia não como um possível “soldado” de guerra, e sim uma ferramenta que tem beneficiado centenas de milhares de pessoas no mundo todo, salvando vidas, movimentando a economia, possibilitando novas descobertas na ciência e sendo empregada em tantos campos importantes da sociedade. Ainda tenho esperança em uma bandeira branca surgindo, mesmo que seja levantada por um robô!

Alessandra MontiniAlessandra Montini é diretora do LabData da FIA – Laboratório de Análise de Dados. Formada pela Universidade de São Paulo (USP), Doutora em Administração pela FEA (2003), Mestra (2000) e Bacharel (1995) em Estatística pelo Instituto de Matemática e Estatística IME-USP. A executiva é Consultora em Projetos de Big Data e Inteligência Artificial, Professora de Big Data; Inteligência Artificial e Analytics, Professora da Área de Métodos Quantitativos e Informática da Faculdade de Economia; Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo – FEA, Coordenadora do Grupo de Pesquisa do CNPQ: Núcleo de Estudo de Modelos Econométricos e Núcleo de Estudo de Big Data e ainda parecerista do CNPQ e DA Fapesp. Ao longo desses 20 anos de carreira Alessandra já recebeu 40 vezes o prêmio de “Desempenho Didático do Departamento de Administração da FEA”, foi 4 vezes premiada como “Melhor Docente do Departamento de Administração” e recebeu mais de 20 vezes o prêmio de “Professora de melhor avaliação dos cursos de graduação e pós-graduação na FEA”.

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