Proteção exclusiva para PCs, consoles e periféricos. Essa é a premissa do ainda desconhecido “seguro gamer”. Embora as residências e automóveis continuem sendo o foco das seguradoras, essas companhias começam a considerar o promissor e lucrativo mercado de videogames como um segmento importante para seus respectivos portfólios.

Basta olhar os números para ver o potencial do setor. Segundo previsão da consultoria Newzoo, a indústria de games global alcançará os US$ 218,8 bilhões em receita em 2024. Só no Brasil, o mercado deve movimentar mais de US$ 1 bilhão em 2021 — aumento de 18% em comparação com o ano passado —, de acordo com um recente estudo da PwC Brasil.

Pesquisa Newzoo sobre consumo gamer

Estimativa de gastos globais com a indústria de jogos nos próximos anos. Divulgação: Newzoo

Os dados talvez expliquem o fato de o país tupiniquim ter reportado um crescimento de 20% nas vendas de PCs durante os seis primeiros meses deste ano, segundo a IDC Brasil, e uma alta de 135% nas vendas de notebooks gamer apenas no no 2º trimestre de 2021, de acordo com um levantamento da Consultoria GFK.

E tendo em vista que os equipamentos deste mercado não são nada baratos, cresce também a responsabilidade de proteger esses aparelhos, seja contra roubos, acidentes durante o transporte ou danos elétricos, por exemplo. De nada vale gastar uma boa grana para montar o “setup dos sonhos” se um raio simplesmente acabar com toda a diversão.

Mas afinal de contas, o que seria esse tal “seguro gamer”?

Para quem nunca ouviu falar deste tipo de serviço, o produto funciona como um seguro de carro convencional, mas voltado para eletrônicos gamer ou mesmo aparelhos comuns de trabalho, como notebook empresarial ou desktop profissional, por exemplo.

Alguns destes serviços incluem os dispositivos no plano residencial tradicional — junto com todos os outros móveis e eletrodomésticos da casa. Já outros abrangem exclusivamente consoles, PCs, notebooks e periféricos, fornecendo coberturas contra roubos, acidentes de transportes, danos elétricos e incêndios dentro de um pacote menor.

A renomada Porto Seguro, por exemplo, oferece dois planos específicos: o seguro residencial e o seguro para máquinas e equipamentos. O primeiro ampara os equipamentos gamer dentro de um amplo pacote que também oferece proteção para móveis, roupas e eletrodomésticos da casa.

Já no segundo serviço, o cliente pode incluir apenas os eletrônicos que deseja proteger. Isso significa que aparelhos com até cinco anos de fabricação serão assegurados contra danos físicos de incêndio, raios, explosões ou acidentes de veículos, roubos, curto circuitos ou danos elétricos.

“No seguro de máquinas e equipamentos, além do cliente escolher as coberturas que mais precisa, ele tem a opção de fazer o seguro para um equipamento próprio ou até para um alugado e vale mesmo se o equipamento não estiver em uma residência. Outro ponto importante é que ele pode ser contratado por pessoas físicas ou jurídicas”, afirma Jarbas Medeiros, diretor de Ramos Elementares da Porto Seguro.

Foto de equipamentos eletrônicos

Apesar de não ser específico para jogadores, seguro para eletrônicos pode ser uma opção para proteger equipamentos tradicionais de trabalho. Foto: Desola Lanre-Ologun/Unsplash

Mas para os que desejam algo mais personalizado, especificamente voltado para equipamentos gamer, o Seguro Gamer pode ser uma ótima opção. Aliás, esse é o principal diferencial do serviço criado a partir do esforço da Argo Seguros e da plataforma PDVBox: oferecer um serviço direcionado aos aficionados por videogames, sem os produtos “de prateleira” convencionais.

“É normal comprar o seguro residencial, que já abrange outras coisas. Mas há quem não queira assinar 300 canais de uma TV à cabo para usar apenas 20 deles. Batemos na porta da Argo que tem o viés de tecnologia, inovação e essa abertura para pensar fora da caixa. Trouxemos a ideia e junto com a área comercial deles foi possível desenvolver o produto da linha desejada”, conta Luis Forster, CEO da PDVBox.

E justamente por ser voltado apenas para eletrônicos como notebook ou desktop, console, mouse, fone, teclado, headset e cadeiras gamer, os planos do Seguro Gamer são bem acessíveis. Os mais básicos começam a partir R$ 11,40 mensais, enquanto o mais complexo, que cobre os aparelhos em todo o território nacional, é vendido a partir de R$ 34,06 por mês.

Serviço Seguro gamer

Planos mais simples do Seguro Gamer começam a partir de R$ 11,40/mês. Reprodução: Seguro Gamer

Uma vez contratados, os serviços fornecem proteção contra incêndios, furtos, danos elétricos e outros problemas que venham a acometer estes aparelhos. O cliente arcará com um valor mínimo de franquia (10% dos prejuízos), enquanto a Argo ressarcirá o restante.

Seguros ainda são “tabus” para os brasileiros

Embora ofereçam produtos diferentes e trabalhem em empresas distintas, Jarbas e Luis concordam em uma coisa: o brasileiro não tem cultura de assegurar os seus patrimônios — o que talvez explique o fato de o serviço ainda não ter deslanchado no Brasil apesar de ganhar novos jogadores a cada dia que passa.

Não à toa, uma recente pesquisa da CNseg apontou que cerca de 70% dos carros do país não têm seguro, o que é de certa forma preocupante.

“[No Brasil] Não existe uma cultura da proteção, de blindar o patrimônio, de zelar por algo que já é seu. Uma cultura que precisa ser mexida, mas que está ligada ao brasileiro como um todo”, apontou Foster.

Já para Medeiros, “quando se pensa em proteger, costuma-se vincular o seguro a bens mais ligados a patrimônio, como veículo, imóveis e empresas”. Isso não só acaba dificultando o avanço do mercado de seguros como um todo, como também a adesão em massa de novos produtos como os seguros de smartphone ou mesmo o seguro gamer.

Luz no fim do túnel?

A boa notícia é que o Brasil pode estar caminhando para um futuro diferente. Com a pandemia de Covid-19, os brasileiros deram maior atenção à proteção de suas casas e de seus equipamentos. Como resultado, a Porto Seguro observou uma alta de 15% de seus planos residenciais, por exemplo.

Além disso, Foster acredita que a geração mais recente, que já nasceu em uma época de serviços como aluguel de carros e de telefones, deve olhar para o mercado de seguros com mais atenção, especialmente em um cenário pós-pandemia.

Se essas estimativas forem concretizadas, é bem possível que o seguro gamer decole, acompanhando o desenvolvimento assustador do segmento a níveis globais. E isso deve envolver todos os “players” do cenário, desde o garotinho de 8 anos que está conhecendo os videogames, até os profissionais preocupados em proteger seus equipamentos de trabalho.

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