A expressão “não está fácil para ninguém” pode refletir o atual sentimento dos brasileiros em relação ao recente aumento do custo da energia no país. Desde 1º de setembro, a nova bandeira tarifária da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), intitulada de “bandeira escassez hídrica”, entrou em vigor.

Em outras palavras, a população pagará uma taxa extra de R$ 0,1420 para cada quilowatt-hora (kWh) ou R$ 14,20 por 100 kWh até abril do ano que vem. Isso significa um aumento de 49% (R$ 4,71) em comparação com a antiga tarifa da bandeira vermelha patamar 2 (R$ 9,492), cobrada em agosto.

“Tendo em vista o déficit de arrecadação já existente, superior a R$ 5 bilhões, e os altos custos verificados, destacadamente de geração termelétrica, foi aprovada determinação para que a Aneel implemente o patamar específico da Bandeira Tarifária, intitulado ‘Escassez Hídrica’, no valor de R$ 14,20/kWh” — André Pepitone, diretor-geral da Aneel

Segundo estimativas da Aneel, a cobrança extra vai encarecer a conta de luz dos brasileiros em aproximadamente 6,78%. Naturalmente, a população já estuda formas para economizar energia no dia a dia, mesmo em um cenário de regime home office, que significa mais tempo em casa e, consequentemente, mais gastos.

Abaixo seguem algumas recomendações simples, mas que podem fazer a diferença para uma redução do consumo elétrico.

Diminua o uso dos campeões de consumo de energia

Ar condicionado

Foto: Álvaro Bernal/Unsplash

De acordo com uma estimativa média feita pelo Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), os principais campeões de consumo de energia são: ar condicionado, aquecedores e chuveiros elétricos, que podem alcançar médias mensais de 304, 194 e 88 kWh, respectivamente.

Isso não significa que o usuário nunca mais deverá usar nenhum destes aparelhos. No entanto, existem formas para reduzir consideravelmente o consumo de energia desses itens.

Segundo a Aneel, é recomendável que o ar condicionado seja regulado para temperaturas em torno de 23 graus, já que quanto mais frio, maior o consumo de energia. Também é recomendada a manutenção periódica do aparelho para evitar sobrecargas. Portas e janelas do ambiente devem permanecer fechadas para evitar que o frio “escape”.

Quanto aos chuveiros, as instruções são as mesmas de sempre: banhos mais curtos, sempre desligando o registro para se ensaboar ou durante o uso do shampoo. Em hipótese alguma uma resistência queimada deve ser reutilizada. Sem contar os riscos envolvidos, a prática vai aumentar o consumo do chuveiro.

Acabe com os “sugadores” silenciosos

Ilustração de tomadas ligadas na energia

Foto: Rawpixel

Mesmo que estejam desligados, aparelhos em modo standby conectados na tomada ainda gastam energia — e não, não é por conta da luz vermelha. A função standby basicamente deixa o aparelho em “modo de alerta”, pronto para ser ativado rapidamente por meio de um controle remoto ou botão próprio.

Para os que duvidam, vale fazer o teste e experimentar tirar os aparelhos da tomada quando não estiverem em uso. De acordo com a Aneel Distribuição São Paulo (antiga AES Eletropaulo), o modo standby pode representar de 15% a 40% do consumo médio total de energia dos equipamentos de uma residência.

A prática, no entanto, deve ser feita com cuidado, já que o constante “tira e põe” pode danificar os cabos dos produtos. Como alternativa, vale investir em tomadas inteligentes, que podem interromper o fornecimento de energia por meio de comandos em aplicativos mobile.

Atenção com os computadores, celulares e videogames

Por conta da pandemia de coronavírus, muitas pessoas intensificaram o uso de PCs, smartphones e videogames — seja para finalidades profissionais ou mesmo para momentos de lazer. Embora o consumo energético desses aparelhos não se comparem ao de um ar condicionado, por exemplo, existem práticas para um uso sustentável.

  • Computadores
Imagem de um setup de desktop

Foto: Daniel Eliashevsky/Pexels

A própria Aneel recomenda desligar totalmente o computador (incluindo o monitor) durante pausas mais prolongadas. Em alguns casos em que o processo de inicialização é realmente demorado, vale ativar o modo de hibernação ao invés de desligar o dispositivo completamente.

Seja em um notebook ou mesmo em um desktop, os usuários do Windows 10 podem alterar as configurações de planos de energia. Alguns modos podem desativar recursos mais pesados, mas as performances serão comprometidas. Vale conferir as opções disponíveis para criar um plano personalizado.

Se a máquina possuir uma GPU independente e não for utilizada para jogos ou trabalhos pesados (como edição de vídeos), será possível configurar a placa de vídeo para gastar menos energia. Em tempo, é sempre bom lembrar: aparelhos usados para mineração de criptomoedas gastam muito mais energia.

  • Smartphones
Ilustração de smartphone sendo usado

Foto: Rawpixel

Quanto aos smartphones, vale ficar ligado em recursos que demandam muita bateria, como conexão Bluetooth e GPS. Se não estiver usando nenhum deles, desative! A lógica é simples: menos consumo da bateria significa menos recargas e, consequentemente, uma conta mais barata no fim do mês.

Assim como em computadores e notebooks, o modo escuro pode ajudar na economia de energia dos celulares com tela OLED. Isso porque os pixels exibidos na tela são efetivamente desligados durante a exibição de uma imagem com cor preta, o que significa menor consumo de bateria.

No entanto, de acordo com uma pesquisa da Purdue University revelada em agosto, isso só funcionará caso o usuário também diminua o brilho da tela para níveis em torno de 30% e 50%. Caso o brilho seja mantido em 100%, a economia de energia será apenas de 3 a 9 por cento.

Outra dica é nunca deixar o aparelho com níveis de bateria abaixo de 20% ou em 100%. Estes patamares podem estressar a bateria do dispositivo, o que pode comprometer a vida útil dos componentes e aumentar consumo de energia.

  • Videogames
Controles de videogames next-gen

Foto: Kamil S/Unsplash

Embora os consoles next-gen abusem das últimas melhorias visuais e de desempenho do universo gamer, eles gastam níveis consideráveis de energia. Segundo um estudo da ONG Natural Resources Defense Council, o PS5 e Xbox Series X podem gastar cerca de 200 watts — sem contar o consumo das TVs ou monitores — durante uma jogatina rápida.

Portanto, é essencial que os videogames sejam desligados quando não estiverem em uso. Se a finalidade for acessar apps de streaming, por exemplo, vale utilizar a integração própria das TVs ou aparelhos como Chromecast e Fire Stick TV, já que seus consumos energéticos são relativamente mais baixos.

Lâmpadas inteligentes: uma ótima pedida

Ilustração de smart lâmpada

Divulgação: Positivo

Muito mais do que deixar sua casa mais conectada, as smart lâmpadas podem significar drásticas reduções no consumo de energia. O primeiro ponto é que elas geralmente utilizam o sistema de iluminação via LED, que podem ser até 80% mais econômicas que as lâmpadas incandescentes e 30% mais econômicas que as fluorescentes.

A outra boa notícia é que esses aparelhos permitem desligar as luzes de forma remota, perfeito para quem sempre esquece a luz de algum cômodo ligada. Ainda é possível regular o brilho durante o uso, adaptando-o de acordo com a luminosidade natural dos ambientes.

Vale lembrar que, diferentemente das lâmpadas convencionais, as lâmpadas inteligentes gastam energia mesmo quando desligadas, já que precisam manter uma comunicação ativa.

No entanto, de acordo com o portal HowToGeek, um modelo Philips Hue White pode gastar entre 0,0 Watts e 0,3 Watts por hora. A depender do tempo diário em que a lâmpada permanecerá desligada, o gasto do dispositivo em modo standby pode chegar a menos de R$ 1 por ano.

Simule seu consumo

Indivíduo fazendo conta em calculadora

Foto: Towfiqu barbhuiya/Unsplash

Ainda é possível utilizar o “Simulador de Consumo” da Aneel para compreender melhor a energia elétrica consumida por cada aparelho de sua residência. Caso seja residente de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará ou Goiás, basta informar todos os equipamentos, as potências e o tempo de uso desses aparelhos.

O simulador então vai estimar o consumo total (em kHw), além de dar dicas de equipamentos mais eficientes no mercado, de acordo com o perfil de uso do consumidor. A análise pode ser importante para uma mudança de hábitos ou mesmo para considerar a troca de determinado produto.

Vale ressaltar que todas essas dicas são apenas a “ponta do iceberg”. As práticas, de fato, podem ser eficientes, mas vão precisar de uma readequação de hábitos por parte dos brasileiros. E sem contar a economia no bolso, reduzir o consumo de energia significará menos danos ao ambiente. Bom para todos.

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