Na última segunda-feira (27), a Riot Games, dona de League of Legends, concordou em pagar US$ 100 milhões (cerca de R$ 563 milhões, em conversão direta) para encerrar um processo de ação coletiva em que ex-funcionárias acusavam a editora de jogos de discriminação de gênero, assédio sexual e retaliação.

Entenda o caso

Antes de tornar-se uma ação coletiva, o processo foi originalmente movido por duas ex-funcionárias da Riot, Melanie McCracken e Jess Negrón, em novembro de 2018, que reportavam uma cultura machista e de discriminação de gênero nos ambientes internos da companhia.

Pouco antes da ação, o portal gringo Kotaku havia exposto relatos que apontavam casos sexistas e de assédio dentro da empresa. Além de funcionárias não terem recebido promoções com os mesmos valores salariais de homens, foram revelados eventos de assédio sexual gravíssimos.

Os relatos apontavam para uma cultura que priorizava homens e casos em que funcionárias tiveram órgãos genitais agarrados por outros funcionários. Ainda há um reporte de líderes seniores que compartilharam listas com nomes de funcionárias com que supostamente “dormiriam”.

Riot Games

Empresa é acusada de cultura de discriminação de gênero desde 2018 – Imagem: Divulgação/Riot Games

Mais recentemente, Sharon O’Donnel, que trabalhava como assistente do CEO da Riot Games, Nicolas Laurent, acusou o executivo de assédio sexual após consecutivos convites de jantar. No entanto, o estúdio realizou uma investigação interna e disse não ter encontrado “nenhuma evidência” das acusações.

Voltando para o caso principal, em 2019, um acordo preliminar determinou que a Riot Games teria que pagar US$ 10 milhões pelas acusações de discriminação de gênero. Contudo, o Departamento de Fair Employment and Housing da Califórnia foi ao tribunal para bloquear o acordo, já que o valor era considerado muito baixo.

Fim do processo

O processo se estendeu por mais dois anos até que a Riot Games concordasse em pagar 10 vezes mais do que o acordo inicial, totalizando uma indenização de US$ 100 milhões. Segundo os termos, US$ 80 milhões irão para os membros da ação coletiva, enquanto US$ 20 milhões serão destinados para honorários advocatícios dos demandantes.

Todos os funcionários e contratados na Califórnia desde 2014 e que se identificam como mulheres serão qualificados para um pagamento — estima-se que cerca de 2.300 funcionárias estão elegíveis. Quem tiver mais tempo de casa terá direito a uma fatia maior do que as que entraram mais recentemente.

Além disso, a dona do LoLzinho se comprometerá a ter um especialista terceirizado para conduzir análises de igualdade de sexo/gênero sobre remunerações, atribuições e promoções. A companhia também deve permitir transparência salarial e será monitorada para (possíveis) futuras reclamações de RH.

A advogada dos direitos das mulheres que representou as demandantes, Genie Harrison, celebrou o acordo em comunicado.

“Este é um grande dia para as mulheres da Riot Games — e para as mulheres em todas as empresas de videogame e tecnologia — que merecem um local de trabalho livre de assédio e discriminação. Agradecemos a introspecção e o trabalho da Riot desde 2018 para tornar-se uma empresa mais diversificada e inclusiva, assumindo a responsabilidade pelo seu passado e um compromisso com a justiça e a igualdade no futuro. Junto com a DFEH e a DLSE, as corajosas mulheres da Riot que carregaram a tocha da justiça alcançaram um resultado que cria precedentes, que permanece como um farol para outras mulheres e como um aviso de que os empregadores devem pagar e tratar melhor as mulheres, ou então serão responsabilizados”, pontuou a advogada.

O que diz a Riot Games

A companhia, por sua vez, reconheceu os erros internos do passado e se propôs a construir uma história diferente daqui pra frente.

“Há três anos, a Riot estava no centro do que se tornou um acerto de contas em nossa indústria. Tivemos que enfrentar o fato de que, apesar de nossas melhores intenções, nem sempre vivemos de acordo com nossos valores. Como empresa, estávamos em uma encruzilhada: poderíamos negar as deficiências de nossa cultura, ou poderíamos nos desculpar, corrigir o curso e construir uma Riot melhor. Escolhemos o último… Embora estejamos orgulhosos de quão longe chegamos desde 2018, também devemos tomar responsabilidade pelo passado. Esperamos que este acordo reconheça adequadamente aqueles que tiveram experiências negativas na Riot”, disse a empresa ao The Washington Post.

Via: Engadget

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