A afirmação do título deste artigo pode parecer uma sugestão bastante incomum, mas um estudo da Universidade de Toronto, no Canadá, identificou que jogos de tiro em primeira pessoa – como Call of Duty – são ótimos para melhorar a capacidade de dirigir.

Segundo o estudo, as pessoas que jogam games do gênero conseguem desenvolver uma melhora significativa na coordenação visual

Por isso mesmo jogos como Call of Duty, ou mesmo jogos de ação em terceira pessoa como Assassin’s Creed, seriam ideais para melhorar habilidades de guiar um veículo, mais ainda do que em comparação a jogos de corrida como Gran Turismo ou Forza Horizon – que, por certo, seria a primeira opção que surgiria na sua cabeça nessa situação.

“Pesquisas sobre o impacto de jogar games de ação revelaram vantagens de desempenho em uma ampla gama de tarefas perceptivas e cognitivas”, afirma o documento.

Para conseguir mensurar o impacto desses jogos em gamers, os pesquisadores utilizaram um sistema de rastreamento de movimentos que permitiu medir tanto a precisão quanto às melhorias ao longo do tempo de teste.

O padrão dos jogos de tiro

Para realizar o estudo, os pesquisadores dividiram os voluntários em dois grupos, um de jogadores e outro de não jogadores.

O teste que ambos passaram era o mesmo: manter o cursor de uma máquina dentro de um quadrado branco em movimento. A ideia é fazer com que o cursor não saia dos limites do quadrado.

De início, os dois grupos tiveram um desempenho similar. Mas, conforme o grupo formado por jogadores entendia o padrão do teste, eles começaram a se sair melhor.

Ubisoft - Assassin's Creed Valhalla

Jogos de ação, em geral, possuem impacto positivo para desenvolver a cognição de jogadores. Na imagem, uma cena de Assassin’s Creed Valhalla – Imagem: Ubisoft

“Quando o padrão de movimento do alvo era consistente ao longo das tentativas, os jogadores melhoraram a uma taxa mais rápida e, eventualmente, superaram os não jogadores”, apontam os autores no estudo.

Isso é algo que acontece em games: uma vez que o jogador entende o padrão de ataque do oponente, ele consegue driblar obstáculos mais facilmente do que quando pegou o jogo pela primeira vez.

E o que Call of Duty tem a ver com dirigir melhor?

O segredo está no fato de que a lógica por trás do teste e dos jogos de tiro é a mesma: os gamers acabam por ter suas funções cognitivas e de precisão visual melhoradas.

Assim, não é sobre apenas conseguir manter o cursor dentro dos limites do quadrado ao perceber que ele mudou de posição, mas sim sobre o que isso significou para o cérebro do jogador em termos de tomada de decisão.

O processo decisório do cérebro para manter o cursor no quadrado é similar ao que ocorre quando um motorista precisa decidir, em uma fração de segundos, o que deve fazer com o carro para evitar um acidente.

Vale ressaltar, no entanto, que não foram encontradas evidências de que jogos do gênero possuem algum impacto significativo na coordenação sensório-motora dos players, ou seja, a interação que eles têm entre mãos e olhos.

Imagem de uma estrada vazia com neblina ao fundo

Videogames também auxiliam em situações como dirigir na neblina – Imagem: Katie Moum/Unsplash

Skill para evitar acidentes

O estudo realizado pelos pesquisadores canadenses não é a única evidência de que jogos de ação podem implementar as habilidades de direção.

Em uma palestra de 2012 no TEDx, a professora Daphne Bavelier, da Universidade de Rochester (EUA), derruba um antigo mito de que jogar videogames prejudica a visão do jogador.

A especialista em cérebro e ciências cognitivas explica que, nos experimentos realizados por ela e sua equipe com jogadores e não jogadores, os gamers apresentaram uma melhor visão do que quem não costuma jogar videogames – mesmo considerando aqueles que jogaram até 15 horas semanais.

Além disso, os jogadores também apresentaram uma percepção mais nítida de diferentes tonalidades de cinza – traçando um paralelo com o estudo acima.

Segundo Daphne, essa percepção de escala de cinza pode ser crítica em dias em que a visibilidade na estrada é consideravelmente reduzida.

“Imagine que você está dirigindo na neblina. Isso [a percepção de diferentes tons de cinza] faz toda a diferença entre identificar um carro na sua frente e evitar um acidente, ou causar o acidente”.

Ambas as pesquisas vão de encontro àquela velha opinião sobre jogos de tiro serem prejudiciais à saúde e podem alimentar o debate com um ponto de vista mais positivo sobre os efeitos que games têm sobre os jogadores.

Via: TechSpot

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