O metaverso nem bem chegou e já desperta a curiosidade de grande parte dos brasileiros. A visão que muitos têm em torno desse conceito é de um país estrangeiro. Isto é, algo que está lá, pronto para ser visitado desde que se tenha os recursos necessários. A expressão ganhou espaço quando Mark Zuckerberg mudou o nome do Grupo Facebook para Meta. Foi a deixa para que todo mundo descobrisse essa nova possibilidade.

Mas o tema desperta mais dúvidas do que certezas. Aqui no Brasil, por exemplo, seis em cada dez pessoas acreditam que o Metaverso vai representar algo positivo em suas vidas, de acordo com levantamento da Ipsos. Entretanto, apenas 56% admitem estar familiarizados com o tema e pouco mais da metade deles (60%) consegue explicar com clareza, segundo a startup OnTheGo. Não bastasse isso, apenas dois em cada dez brasileiros já acessaram algum recurso do Metaverso, segundo a plataforma Toluna.

O que explica números tão contraditórios? A resposta passa justamente pela curiosidade e ineditismo que o tema desperta. Por isso, é imprescindível esclarecer alguns pontos antes de buscar e acessar as inúmeras possibilidades que a ideia tem a oferecer.

1 – Uma realidade (não muito) distante

A expressão Metaverso está na moda, movimentando empresas e usuários que desejam surfar essa onda. Entretanto, sua proposta ainda é mais teoria do que prática em todo o mundo. Ainda que já existam projetos inovadores aqui e ali, trata-se de um conceito que ainda vai não foi implementado em sua plenitude. Ou seja, a possibilidade de interagirmos socialmente em ambientes totalmente digitais.

Contudo, isso não quer dizer que vai levar muito tempo para que o Metaverso se consolide como uma opção viável para grande parte das pessoas. Sempre é importante lembrar que vivemos em uma época de intensa aceleração digital e que, portanto, a evolução da tecnologia é cada vez mais rápida. Basta comparar há dez anos. Em 2012 imaginávamos que grande parte de nossas vidas estaria na palma da mão com os smartphones?

2 – Hardwares ocupam posição central

Quando se fala em Metaverso, a primeira imagem que se passa é a de um ambiente digital imersivo, que permite que as pessoas possam realizar tudo o que normalmente fazem no “mundo real”. Isso exigiria, portanto, um investimento maciço em softwares e aplicações para que todas essas possibilidades sejam possíveis.

Trata-se de uma meia verdade. É claro que o investimento em software vai ser fundamental. Contudo, o ingresso da pessoa nos ambientes do Metaverso depende mais dos equipamentos do que dos programas. Sem a popularização e aperfeiçoamento dos óculos de realidade virtual e de joysticks similares aos dos videogames, é impossível vivenciar essa imersão e realizar as ações desejadas.

Curioso sobre o Metaverso? Cinco pontos que é preciso saber antes de entrar

Imagem: Stella Jacob/Unsplash

3 – Conectividade veloz e estável 

Para que o Metaverso dê certo, é evidente que a conexão da Internet precisa ser mais rápida e estável do que observamos atualmente. O 4G, por exemplo, permitiu que os serviços de streaming se popularizassem. Porém, ainda não é veloz e robusta o suficiente para dar conta de um mundo totalmente imersivo. Se for para entrar nesses ambientes e ter que aguardar

O 5G, que deve entrar nas capitais estaduais do Brasil a partir de setembro de 2022, é o principal meio para que o Metaverso possa se desenvolver. Com essa conectividade, a velocidade pode ser 100 vezes mais rápida do que o 4G e o tempo de latência (que é a resposta a um determinado comando) pode cair para menos de 1 milissegundo.

4 – Criptoativos são, literalmente, a chave de entrada

Certamente a grande maioria das pessoas já ouviu falar de bitcoin, criptomoedas e tokens. Eles integram o conceito de criptoativos e estão entre as principais tendências de tecnologia nos mais diferentes setores da sociedade. O motivo para essa popularização é bem simples: a tecnologia blockchain, que garante segurança, transparência e agilidade nas transações digitais.

No caso do Metaverso, os criptoativos representam um dos pilares fundamentais do conceito. A “entrada” dos usuários, via de regra, acontece por meio de tokens criados pelas empresas. Com os NFTs (tokens não fungíveis), é possível equipar seu personagem com itens que o destacam. Por fim, ainda servirão como moeda, permitindo a compra de produtos e serviços que impactarão tanto o ambiente digital quando o “mundo real”.

5 –  Metaversos, no plural

Por fim, é importante ressaltar que ainda que se fale em Metaverso como algo similar ao nosso universo, a proposta explora a ideia de metaversos, no plural. Ou seja, não é um ambiente em que vários mundos se convergem, permitindo que a pessoa possa “viajar” de um lugar a outro. É justamente o contrário: diferentes mundos que necessitam de diferentes vias de acesso.

Dessa forma, cada empresa ou organização vai ser responsável em criar seus próprios metaversos e estipular as regras de convivência dentro dele. É possível que haja um movimento de interação entre esses ambientes digitais? Sem dúvida, da mesma forma que ocorre no mundo real com parcerias entre as diferentes entidades. Mas mesmo assim vai ser preciso observar as normas de acesso, o que certamente vai exigir profundidade e dedicação dos usuários.

 

Alessandra MontiniAlessandra Montini é diretora do LabData da FIA – Laboratório de Análise de Dados. Formada pela Universidade de São Paulo (USP), Doutora em Administração pela FEA (2003), Mestra (2000) e Bacharel (1995) em Estatística pelo Instituto de Matemática e Estatística IME-USP. A executiva é Consultora em Projetos de Big Data e Inteligência Artificial, Professora de Big Data; Inteligência Artificial e Analytics, Professora da Área de Métodos Quantitativos e Informática da Faculdade de Economia; Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo – FEA, Coordenadora do Grupo de Pesquisa do CNPQ: Núcleo de Estudo de Modelos Econométricos e Núcleo de Estudo de Big Data e ainda parecerista do CNPQ e DA Fapesp. Ao longo desses 20 anos de carreira Alessandra já recebeu 40 vezes o prêmio de “Desempenho Didático do Departamento de Administração da FEA”, foi 4 vezes premiada como “Melhor Docente do Departamento de Administração” e recebeu mais de 20 vezes o prêmio de “Professora de melhor avaliação dos cursos de graduação e pós-graduação na FEA”.

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