Cópias da obra “The Trial of Julian Assange: A Story of Persecution” (“O julgamento de Julian Assange: Uma História de Perseguição”, em tradução livre), do professor da Universidade de Glasgow e relator especial da ONU sobre tortura Nils Melzer, foram confiscadas das mãos de familiares e apoiadores do fundador do WikiLeaks pela equipe do Parlamento australiano em Camberra na última quinta-feira (4). Eles pretendiam distribuir os livros a deputados e à mídia.

O propósito da visita dos defensores do jornalista seria instar o governo de Albanese a intervir na proposta de extradição de Assange aos Estados Unidos, entregando cópias da obra. Entretanto, foram surpreendidos pela segurança do parlamento, proibindo-os de adentrar o prédio com o que consideravam “material de protesto”, de acordo com Gabriel Shipton, irmão de Assange.

Livro sobre julgamento do fundador do WikiLeaks é confiscado por parlamento australiano

Parlamento australiano. Imagem: Batsv, CC BY-SA 4.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0>, via Wikimedia Commons

“Eu estava dizendo ‘isto é ridículo. Eles são livros”, conta Shipton. “Ofereci-me para chamar Andrew Wilkie, que foi o deputado que copresidiu o Parliamentary Friends of the Bring Julian Assange Home Group (Amigos Parlamentares do Grupo Traga Assange para Casa, em tradução livre). Ele disse ‘sim, vá em frente, ligue para ele, mas você não pode levar os livros’”.

Livro sobre julgamento do fundador do WikiLeaks é confiscado por parlamento australiano

Batalha legal de Assange é contada em três partes na obra do Relator Especial sobre Tortura . Imagem: Hadrian/Shutterstock.com

Familiares de Assange só puderam distribuir os livros de uma caixa que estava no escritório de Wilkie. Apenas mais tarde, com a ajuda de um funcionário de escritório do parlamentar, os livros apreendidos pela segurança foram recuperados.

Livro sobre julgamento do fundador do WikiLeaks é confiscado por parlamento australiano

“The Trial of Julian Assange: A Story of Persecution” foi lançado em 8 de fevereiro de 2022. Imagem: Divulgação/Verso Books

Uma das apoiadoras da Bring Assange Home Campaign (Campanha Traga Assange para Casa, em tradução livre), rotulou as ações como “ridículas”. “Isso me deixa louca”, disse Louise Bennet. Este é o tipo de coisa que vemos na América de Trump, aquilo que nós criticamos na China. Do que nosso parlamento teme que não possamos trazer um livro?”, questionou.

Ao The Guardian, o Departamento de Serviços Parlamentares disse que não poderia comentar sobre “questões específicas de segurança operacional”.

Além de Gabriel Shipton, o pai de Assange, John Shipton, e outros ativistas também participaram da visita ao Parlamento. Eles levaram preocupações sobre a falta de progresso desde as eleições de maio, e a família de Assange instou o primeiro-ministro Anthony Albanese a tornar a questão “não negociável” com os EUA.

Embora a solicitação tenha sido renovada no encontro, Shipton disse na sexta-feira (5) que estava desapontado com a retórica do novo governo, afirmando ter sofrido uma “mudança significativa” desde que ele ganhou o cargo. Antes das eleições, o partido de centro-esquerda Labor tinha sido muito mais franco, segundo o irmão de Assange.

“Eles foram eleitos naquela plataforma, [foi] uma de suas promessas essencialmente, e é uma das primeiras que eles voltaram”, disse ele.

O premiê comentou que pretende prosseguir diplomaticamente com o assunto e que “nem todas as relações exteriores são melhor feitas com o auto-falante”.

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