Em busca de combater a disseminação de aplicativos stalkerware, o Google decidiu fazer uma “limpa” e removeu uma série de anúncios que promovam este tipo de ferramenta em pesquisas ou na Play Store. O grande problema é que as empresas por trás desses apps têm encontrado formas para burlar a fiscalização da big tech e manter suas propagandas ativas.

Basicamente, aplicativos stalkerware, também conhecido como “apps espiões”, são ferramentas que podem monitorar chamadas, mensagens, fotos, softwares, localização GPS e outros recursos de dispositivos de terceiros. Mas tudo isso é feito “na surdina”, sem qualquer tipo de consentimento da vítima.

Muitos pais acabam instalando apps espiões nos dispositivos de seus filhos sob o pretexto de proteção contra predadores, mas essas ferramentas também passaram a ser utilizadas por cônjuges ciumentos ou que suspeitam de algum tipo de traição.

Ilustração de espião usando aplicativo stalkerware

Ferramentas permitem vigilância de dispositivos de terceiros sem o devido consentimento. Foto: Sora Shimazaki/Pexels

Como resultado, a disseminação dessas ferramentas têm aumentado nos últimos anos. Em virtude dessa alta, fabricantes de antivírus têm trabalhado para otimizar a detecção dessas ferramentas, enquanto autoridades federais tomam medidas contra essas empresas.

Em agosto, o Google proibiu anúncios nos resultados de pesquisas que promoviam apps “com o propósito expresso de rastrear ou monitorar outra pessoa ou suas atividades sem sua autorização”. A recente remoção de uma série de propagandas dessas ferramentas stalkerware teve o intuito de reforçar esse combate.

“Não permitimos anúncios que promovam spyware para vigilância de parceiros. Removemos imediatamente os anúncios que violavam esta política e continuaremos rastreando comportamentos emergentes para evitar que atores mal-intencionados tentem escapar de nossos sistemas de detecção”, disse um porta-voz do Google ao TechCrunch.

Apps Stalkerware encontram brechas

No entanto, a política do Google foca apenas em proibir anúncios de apps voltados para vigilância de parceiros íntimos. A regra, no entanto, não se aplica a anúncios que promovam o rastreamento da atividade de uma criança ou locais de trabalho monitorando os dispositivos de seus funcionários, por exemplo. E é esse o problema.

Mesmo que um app venda uma determinada proposta, a ferramenta utiliza os mesmos recursos para o monitoramento de cônjuges. Logo, a empresa pode divulgar anúncios voltados para o monitoramento dos pais, mas é difícil saber se o indivíduo que baixar o software realmente o utilizará para esta finalidade.

Por conta dessa brecha, diversas ferramentas stalkerware seguem aparecendo nas pesquisas do Google — só o TechCrunch detectou cinco deles. Outros chegam a utilizar páginas com domínios diferentes para driblar esse monitoramento. E há os que seguem “na ativa” mesmo após mensagens evidentes de uso para espionagem.

As novas medidas da big tech indicam que a companhia deve reforçar o combate contra o anúncio dessas ferramentas. Mas se essa fiscalização não for otimizada para detectar apps mais sorrateiros, a privacidade dos indivíduos continuará em risco.

Fonte: TechCrunch

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