Um teste feito pela ONG internacional Global Witness trouxe resultados preocupantes para o Brasil: a entidade criou 10 anúncios falsos para o Facebook, todos contendo fake news das esferas políticas a cerca de dois meses das eleições presidenciais do país.

O Facebook aprovou todos eles. A rede social da Meta reteve apenas um dos anúncios, acusando-o de desinformação. Entretanto, a publicidade foi posteriormente liberada sem alteração mediante o processo de apelação da própria ferramenta.

Facebook e Instagram são alvos fáceis da veiculação de fake news políticas

A veiculação de fake news políticas dentro dos aplicativos da Meta sempre trouxe dor de cabeça à empresa, e a proximidade das eleições brasileiras de 2022 só vão aumentar essas dificuldades (Imagem: Koshiro K/Shutterstock)

Os anúncios continham informações falsas de variados graus – algumas eram mais subjetivas, enquanto outras eram obviamente “escabrosas”. Cinco das publicidades criadas, por exemplo, mencionavam datas erradas de votação ou formatos especificamente inexistentes de coleta de votos.

Outras fake news políticas eram mais detalhadas, e colocavam questionamentos sobre a urna eletrônica e a sua confiabilidade. O método é aplicado no Brasil desde 1996 e já foi aprovado em vários testes de segurança ao longo dos anos.

Segundo o texto publicado no site da entidade:

“A nossa investigação determinou que o Facebook falhou terrivelmente em detectar desinformação baseada em eleições às vésperas do pleito presidencial brasileiro de 2 de outubro de 2022. As tensões no Brasil estão bem altas, com a crescente ameaça da desinformação – a qual desgasta os resultados da eleição e pode levar à violência.”

O estudo ainda compara a situação política brasileira com padrões de desinformação que levaram à publicação de discursos de ódio no Mianmar, Etiópia e Quênia – em alguns destes países, a veiculação de informações falsas eclodiu em situações de violência pública e morte de diversas pessoas.

A ONG não se limitou a anúncios com fake news das áreas políticas em seus testes. Segundo o Engadget, a entidade sequer fez a verificação de autenticidade da conta usada para promover as mídias – uma medida de segurança implementada pela própria Meta para atenuar a incidência de perfis falsos veiculando desinformação de forma proposital. Mais além, os anúncios foram emitidos de Londres e Nairóbi, mas sem que a ONG usasse uma VPN para esconder sua identidade e, finalmente, nenhuma das peças tinham o aviso de que se tratava de uma mídia paga – uma política que a própria Meta prevê desde junho deste ano.

“O que fica evidente destes resultados é que as capacidades de moderação de conteúdo e a integridade dos sistemas que eles dispõem para mitigar parte do risco durante períodos eleitorais não estão funcionando”, disse Jon Lloyd, consultor sênior da Global Witness, em entrevista à Associated Press.

O Facebook, as fake news políticas e o outro lado da moeda

Nesta terça-feira (16), a Meta afirmou que vai barrar todo e qualquer post ou anúncio que questione a legitimidade do processo eleitoral brasileiro – incluindo fake news sobre o uso da urna eletrônica e outras políticas. A medida veio logo após a divulgação do estudo, mas a empresa dona do Facebook afirma que a ação adotada não tem relação com o material.

De acordo com as informações divulgadas pela Folha de São Paulo, a Meta não conta com uma moderação específica sobre as urnas eletrônicas, mas afirma ter a capacidade de cortar conteúdos que incitem o que chamou de “supressão de votos”. Basicamente, qualquer material que minta sobre datas, locais e horários de votação, documentação necessária e formas de contabilização dos votos.

Título de eleitor exibido à frente de uma bandeira do Brasil. TSE pede cuidado com fake news políticas veiculadas em época de eleição

Embora o título de eleitor seja o documento oficial das eleições, você ainda pode votar também apresentando seu RG, CNH ou outro documento oficial com foto (Imagem: Leonidas Santana/Shutterstock)

A equipe do Tecmasters procurou a assessoria de imprensa do Facebook no Brasil, que nos afirmou por meio de porta-voz:

“Nos preparamos extensivamente para as eleições de 2022 no Brasil. Lançamos ferramentas que promovem informações confiáveis por meio de rótulos em posts sobre eleições, estabelecemos um canal direto para o Tribunal Superior Eleitoral nos enviar conteúdo potencialmente problemático para revisão e seguimos colaborando com autoridades e pesquisadores brasileiros.

Nossos esforços na última eleição do Brasil resultaram na remoção de 140.000 conteúdos no Facebook e no Instagram por violarem nossas políticas de interferência eleitoral. Também rejeitamos 250.000 submissões de anúncios políticos não autorizados. Estamos comprometidos em proteger a integridade das eleições no Brasil e no mundo.”

A saber – e para critério de informação precisa – fica aqui o lembrete: as eleições de 2022 no Brasil serão realizadas no dia 2 de outubro de 2022, com votação aberta a partir das 8h e indo até as 17h do mesmo dia. Em caso de segundo turno, este será realizado em 30 de outubro, na mesma faixa de horário.

Para votar, o eleitor deverá levar seu título de eleitor à seção e zona correspondente. O site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) conta com uma ferramenta para consulta dessas informações, que fornece local e endereço com base na busca.

Na ausência do título de eleitor (ou do e-Título, que você pode baixar no Android ou iOS), você pode levar seu RG, Carteira Nacional de Habilitação, Carteira do Trabalho ou Passaporte, ou ainda seu Certificado de Reservista.

E a fim de evitar que você caia na enganação de fake news políticas, sempre procure confrontar informações da internet com fontes oficiais, como os sites do governo ou canais da imprensa oficial.

Via: Global Witness (via Engaget),  Associated PressFolha de São Paulo

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