Há mais coisas em comum entre o futuro das mídias sociais e o TikTok do que pode imaginar nossa vã sabedoria sobre como funcionam as plataformas. Minha licença poética aqui para parafrasear uma citação que poderia ser de um clássico de Shakespeare, mas é apenas um resumo do que CEOs das grandes mídias sociais, como Facebook e Snapchat, têm afirmado sobre o que podemos esperar em termos de comportamento de usuário e mudanças na maneira como as mídias sociais irão operar no futuro: basicamente, tudo será muito mais parecido com o TikTok.

Essa é uma tendência que já está em curso e foi confirmada pelo próprio CEO do Snapchat e inventor do formato de stories, Evan Spiegel, durante a apresentação de resultados da empresa para o trimestre, realizada na última quinta-feira (3).

Na ocasião, o executivo observou que ultimamente os usuários estão mais interessados em ver vídeos publicados em uma seção da plataforma chamada de Spotlight (serviço ofertado pelo Snapchat, mas que funciona como o TikTok) do que ficar no Snapchat para ver Stories de amigos na plataforma.

“Essa é a continuação de uma tendência que observamos durante a pandemia, e a postagem e visualização de story de amigos por usuário diário ativo não retomaram aos níveis pré-pandemia”, afirmou Spiegel.

Captura de tela de alguns vídeos do Spotlight, recurso do Snapchat similar ao TikTok

Imagem: reprodução/Snapchat

 

O executivo complementou dizendo também que, embora tenham esperanças de que esse antigo comportamento de visualização de stories na plataforma possa eventualmente retomar aos patamares pré-pandêmicos, eles estão desenvolvendo um plano B caso isso não aconteça: “estamos focados em inovar nossas ofertas de conteúdo para melhor atender nossa comunidade hoje”.

Apesar de não ter sido muito específico no detalhamento sobre como será de fato esse investimento em inovação nas ofertas de conteúdo, Spiegel chegou a destacar o trabalho que eles estão desenvolvendo dentro do próprio Spotlight, apoiando criadores de conteúdo para que eles possam crescer com programas próprios e recorrentes no aplicativo.

Além disso, também estão desenvolvendo formas de navegação onde os usuários possam “descobrir novos criadores, tópicos e comunidades e depois se envolver mais profundamente com eles no Discover”.

E como fica o Facebook nessa história?

Também durante apresentação de resultados para investidores na semana passada, o cofundador e CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, citou fatores que corroboram com a visão de Spiegel de que o mundo das plataformas sociais está migrando para um modelo à la TikTok.

“As pessoas têm muitas opções para decidirem como querem gastar seu tempo, e aplicativos como o TikTok estão crescendo muito rapidamente”, disse ele durante a teleconferência que apresentou números sobre o quarto trimestre da Meta.

Facebook e Instagram

Imagem: rvlsoft/shutterstock.com

 

Mas, o Facebook — e eventualmente também o Instagram — possui uma barreira ainda maior do que o Snap para contornar: ele precisa criar uma forma de aumentar sua base de usuários, coisa que ela não conseguiu desenvolver com sucesso nos últimos meses. O Snapchat, pelo contrário, ainda registra um crescimento.

Em termos de Instagram, a Meta está apostando suas fichas em formatos como Reels, além dos tradicionais Stories, para poder manter a relevância, mas talvez ela precise fazer um pouco mais do que isso para retomar o trono absoluto. Pelo menos até que o metaverso se torne mais sólido, já que essa parece ser a verdadeira aposta da empresa.

Mas até começar a dar lucro, a Meta precisa desenvolver e se apoiar nos negócios que ela já possui para continuar gerando dinheiro que, por sua vez, será convertido em investimento para o metaverso crescer.

Só para contextualizar: o Instagram e o Facebook geraram 98% da receita de US$ 118 bilhões da Meta no ano passado. Já as vendas do headset de realidade virtual da Meta, o Quest 2, responderam pelos 2% restantes. Dá para entender agora porque Zuckerberg não pode simplesmente virar a chave e transformar o negócio para além das mídias sociais.

Com mais ou menos desafios, uma coisa é comum a ambos os negócios: o TikTok é visto como principal concorrência. E a briga pela atenção do usuário pode alcançar novos patamares no futuro.

O ano do Tiktok

Só para dar um pouco de contexto: a pandemia foi essencial para que usuários descobrissem as icônicas dancinhas do TikTok e se apaixonassem de vez pelos conteúdos tão característicos da plataforma chinesa – embora vídeos coreografados sejam apenas um dos conteúdos que atraem cada vez mais usuários.

Um levantamento realizado pela Cloudflare mostrou que o TikTok está em constante e sólido crescimento, com propensão para ultrapassar facilmente as atuais líderes — as plataformas Instagram e Facebook, de Mark Zuckerberg — e se tornar a terceira maior plataforma social do mundo.

Para se ter uma ideia: em 2020, o aumento na base de usuários da rede foi de 59,8%; enquanto que em 2021, foi de 40,8%.

Via: The Verge e Forbes

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