Uma pesquisa interna feita pela Meta identificou algo que muitos já suspeitavam: os produtos da empresa — Facebook, Instagram e WhatsApp — podem facilmente contribuir com o isolamento de usuários. O levantamento, realizado em 2018 e vazado junto com o restante dos documentos do Facebook Papers, aponta que mais de um terço dos usuários do Facebook (36%) afirmou ter se “sentido solitário” durante o mês anterior à aplicação da pesquisa.

O Facebook Papers, para quem não se lembra, foi o vazamento realizado pela ex-gerente de produtos da companhia, Frances Haugen, e que colocou luz aos problemas enfrentados pela empresa não apenas no ramo da saúde mental dos usuários, mas principalmente em dilemas éticos de negócio.

Após o vazamento, Frances inclusive foi convidada pelo governo de Joe Biden, para participar do discurso do Estado da União, onde o atual presidente dos Estados Unidos ressaltou a necessidade de “responsabilizar as plataformas de mídia social pelo experimento nacional que estão realizando em nossos filhos em nome do lucro”.

O levantamento foi realizado com 53 pessoas, considerando entrevistas em profundidade aplicadas para identificar questões de interação e comportamento do usuário.

Também de acordo com o estudo, identificou-se que a solidão era mais comum entre os jovens de 13 a 24 anos, que é um dos principais grupos demográficos para o Facebook e o Instagram. A solidão, também aponta o estudo, era mais comum entre homens.

Outros apontamentos do estudo

Outro levantamento, também de 2018 e também vazado no Facebook Papers, aponta que o tempo gasto com a rede social também é um fator importante a ser considerado. Enquanto a rede social pode ajudar a promover o isolamento em alguns casos, em outros pode ajudar as pessoas a se sentirem melhor.

Cerca de 41% dos usuários que já são solitários, ao recorrerem ao Facebook relataram que isso os fez se sentir melhor. Apenas 6% disseram que os fez se sentir pior.

Lembrando também que o Facebook não é a única rede de Zuckerberg a entrar nessa classificação. Em dezembro passado, o chefe do Instagram, Adam Mosseri, foi chamado para depor nos Estados Unidos, também por conta do Facebook Papers e sobre os possíveis danos que a rede social poderia causar em adolescentes.

Nos documentos vazados, as equipes de design de produto do Instagram pesquisavam por maneiras de aumentar a frequência e a duração do envolvimento de crianças e adolescentes no Instagram. Uma reportagem do Wall Street Journal que chegou a veicular detalhes dos documentos vazados mostrou que a empresa realizou as pesquisas e chegara a “identificar os efeitos nocivos do Instagram” para a saúde mental de adolescentes, mencionando que o algoritmo da plataforma promove engajamentos “a qualquer custo”.

Facebook e Instaram, na mira da regulamentação

Durante a pandemia, esse cenário ficou ainda mais latente e por esse mesmo motivo, a companhia focou em um dilema que ainda está sem resposta: como manter a base de usuários da empresa crescendo, sem que isso aumente a solidão?

Os resultados não conclusivos do estudo aumentam o desafio da empresa em encontrar uma saída para promover mudanças no produto que possam, de fato, beneficiar os usuários do Facebook. 

Então, essa resposta ainda é inexistente. Por enquanto, a empresa tem enfrentado investigações minuciosas por parte de órgãos reguladores e também tem trabalho sua própria batalha interna para não perder mais usuários no Facebook — lembrando que na última apresentação a investidores, Mark Zuckerberg afirmou que a plataforma social, pela primeira vez, registrou queda no número de usuários e, consequentemente, a Meta perdeu milhões em decorrência desse cenário.

Via: TechXplore e Wall Street Journal

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