Um vulcão próximo à ilha de Tonga causou caos no local e o isolou do resto do mundo, cortando a comunicação do último cabo submarino de internet que funcionava. Para reerguer o país, o navio CS Reliance (Confiança) já está nos mares do Pacífico Sul para consertar os cabos. Conversamos com pessoas da região para saber como está a situação da internet na ilha.

Não é a primeira vez que Tonga sofre um “apagão” de internet. Em 2019, Edwin Liava’a viajou pela primeira vez em um navio que conserta cabeamento submarino. O navio foi o mesmo Confiança. A empresa de reparos SubCom realizou o conserto na época. Desta vez, outra empresa ligada à SubCom, a Southern Cross Cable, fará essa tarefa.

Foram necessários 8 dias para realizar o reparo. Liava’a, na época CEO da Tonga Cable, afirmou que o trabalho foi muito bem feito. Há 69.000 km de cabos no Pacífico Sul com 33 deles sendo dedicados a dados e energia. No sistema de Tonga há um com 827 km entre Nuku’alofa, Tonga, e Suva, Fiji, e o cabo doméstico de 406km com três pontas: Neiafu, Nuku’alofa e Pangai.

Confiança sai de Samoa para Tonga

Desta vez, a viagem do Confiança deve durar 9 dias. O diretor de relações públicas da Digicel, Satish Narain, afirmou que “o Confiança passará em Samoa para pegar suprimentos antes de ir a Tonga. Quando chegar lá, fará uma avaliação e começará os reparos. Há 2 pontos de avaria no cabo submarino. Quando todas forem consertadas, a conectividade no país voltará”. Antes de Samoa, o navio esteve em Papua Nova-Guiné para vacinar a tripulação. A posição do navio pode ser acompanhada periodicamente pelo VesselFinder.

A missão não será fácil. “Caso as condições do mar estejam boas, é ainda possível que os cabos estejam enterrados em lava. Além disso, terão que fazer uma pesquisa para uma rota segura e talvez até colocar outro cabo de 100 km antes de restaurar as comunicações completamente”, estima Liava’a.

Recuperação de “dinheiro jogado no mar”

Liava’a, que hoje é diretor regional do Kacific Broadband Satellites Group, junta-se a boa parte dos especialistas da região com a sugestão de que Tonga deixe de depender apenas dos cabos submarinos. “Quais as chances dos 2 cabos submarinos de Tonga quebrarem com 3 anos de diferença, entre 2019 e 2022? Se há algo que podemos aprender é que cabos submarinos não são uma solução sustentável para ilhas em placas tectônicas com vulcões submarinos”, pontua.

“Na verdade, estão jogando dinheiro fora no mar. E dinheiro que pertence a impostos de outros países como Nova Zelândia, Austrália, Ásia e Europa”, afirma Liava’a. “Espero que governos e doadores de organizações internacionais compreendam isto agora”.

O CEO da Digicel, Shally Jannif, disse em comunicado à imprensa que “sabemos como é vital em momentos como esse mantermos as pessoas conectadas. Estamos focados em fazer tudo o que podemos para assegurar que a conectividade internacional volte à Tonga”. A empresa afirmou ainda que se solidariza com o povo de Tonga durante este período difícil.

Missão do Confiança em 2019 em Tonga

Missão do Confiança nopaís em 2019 (Imagem: Reprodução)

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