Acredite se quiser: um mero pedaço de papel impresso com tinta pode funcionar como bateria para eletrônicos simples. Aliás, é essa a mais nova descoberta de cientistas da Suíça, que fizeram um despertador funcionar ao molhar uma pequena folha dessas em uma solução salina.

Em um estudo recém-publicado na revista científica Nature, Gustav Nyström, chefe do Laboratórios Federais Suíços de Ciência e Tecnologia de Materiais (Empa), registrou como sua equipe foi capaz de produzir a bateria de célula única produzida a partir de um centímetro quadrado de papel.

Não há nenhum segredo no papel, mas nele, são impressos três tipos de tinta: uma com flocos de grafite (que funciona como cátodo), outra com pó de zinco (que funciona como ânodo) e a última com grafite e carbono negro (que serve de coletor de corrente).

Bateria descartável de papel

Imagem: Reprodução/Gustav Nyström

As extremidades da bateria do papel então são impregnadas com cera para evitar reações eletroquímicas, mas a “mágica” acontece quando a folha é umedecida por uma pequena quantidade de água com sal dissolvido: os íons carregados são liberados e se dispersam pelo papel, fazendo com que o ânodo libere elétrons.

O mais surpreendente é que a combinação desses elementos pode proporcionar 1,2 volts estáveis — uma pilha AA possui cerca de 1,5 volts —, mas apenas durante uma hora. Após adicionar mais umas gotas da solução salina, os usuários podem obter 0,5 volts durante mais uma hora.

Youtuber testa bateria e constata: funciona

Quem resolveu experimentar essa descoberta foi o experimentador e youtuber Robert Murray-Smith. Embora ele especule que células de bateria de papel existam desde 1880, ele seguiu os passos publicados no artigo de Nyström e companhia e compilou tudo em um vídeo de pouco mais de 10 minutos.

Deu certo. Por mais que o par de folhas úmidas não tenha fornecido energia suficiente para ativar o LED do despertador, o relógio funcionou como se estivesse sendo alimentado por uma pilha AA.

Vale reforçar que essa descoberta ainda está em estágios iniciais — o fornecimento de eletricidade por uma ou duas horas não é lá grande coisa. Ainda assim, os desenvolvedores estimam que a solução poderá ser otimizada no futuro para alimentar etiquetas inteligentes, sensores ou até mesmo eletrônicos mais robustos.

Via: The Register | PC Gamer

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